segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Só Tu, Coração, Não Mudas!

Infância, que sorte cega,

Que ventania cruel,

Que enxurrada te carrega,

Meu barquinho de papel?

Como vais, como te apartas,

E que sozinho que estou!

Ó meu castelo de cartas,

Quem foi que te derrubou?

Tudo muda, tudo passa

Neste mundo de ilusão;

Vai para o céu a fumaça,

Fica na terra o carvão.

Mas sempre, sem que te iludas,

Cantando num mesmo tom,

Só tu, coração, não mudas,

Porque és puro e porque és bom!

 "Tempos do barquinho de papel"

Guilherme de Almeida (1890-1969)


 

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